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2 de agosto de 2010

Pancreatite Aguda

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A pancreatite aguda (PA) é um processo inflamatório do pâncreas que se caracteriza habitualmente por dor em abdome superior. É doença prevalente, e que apresenta uma mortalidade global de 10 a 15%, dependendo da gravidade do processo.

Em mais de 80% dos casos está associada com a ingestão de bebidas alcóolicas ou cálculos biliares. Outras causas, são pouco freqüentes.

Causas de pancreatite aguda
• Cálculos biliares
• Ingestão alcoólica 
• Idiopática 
• Drogas: azatioprina, diuréticos, estrógenos, sulfonamidas 
• Secundária a colangiografia endoscópica retrógada ou esfincterotomia 
• Metabólicas: hiperlipidemia, hipercalcemia, hiperparatiroidismo 
• Vírus: Caxumba, Coxsackie B, Epstein-Barr 
• Parasitas: Ascaris Lumbricoides

A PA deve sempre ser considerada, no diagnóstico diferencial de pacientes com dor abdominal aguda. A apresentação clínica pode ser variada, e é influenciada pelo fator etiológico, idade, e gravidade da inflamação.

A dor é o sintoma mais comum, estando presente em 95% dos casos; geralmente inicia-se no epigástrio com irradiação para as costas, começando sempre de forma súbita e intensa. Náuseas e vômitos são freqüentes.

O diagnóstico costuma ser feito pela combinação de achados clínicos e alterações laboratoriais: a amilase aumenta de seis a doze horas após o início do quadro, com valores três a cinco vezes acima do normal. Índices mais baixos não excluem a PA, uma vez que essa enzima pode se reduzir ou se normalizar entre 24 e 48 horas após o início da crise. Como é mais sensível e específica, a dosagem da lipase sérica tem se tornado o teste de escolha. Essa enzima se eleva 24 a 48 horas após a instalação do quadro, atingindo valores entre três e cinco vezes o normal.

Diagnóstico Diferencial
• Colecistite aguda ou cólica biliar 
• Úlcera péptica complicada 
• Obstrução intestinal 
• Doença pulmonar 
• Isquemia intestinal 
• Rotura de aneurisma de aorta 
• Infarto agudo do miocárdio

Além dos exames laboratoriais, o diagnóstico e a evolução da PA é complementado pelos recursos de imagem.

O ultra-som é útil no diagnóstico inicial de cálculos ou de dilatação da via biliar. Uma das principais limitações do método é a ectasia gástrica e a obesidade. A tomografia computadorizada de abdome é o melhor método para avaliar a extensão da inflamação, a presença de necrose, as lesões peripancreáticas e os pseudocistos, podendo evitar, muitas vezes, uma laparotomia exploradora.

A identificação rápida de pacientes com quadros de pancreatite grave é importante, uma vez que esses casos necessitam de internação urgente, em unidades de terapia intensiva. Vários esquemas foram desenvolvidos para auxiliar na identificação desses pacientes. Um dos mais utilizados, é o de Ranson e colaboradores.

Os critérios são os seguintes:

Na admissão 
1. Idade > 55anos 
2. Leucocitose > 15.000 
3. Glicemia > 200mg/dL 
4. DHL > 350 U/L 
5. AST > 250U/L

Durante as primeiras 48 horas 
1. Queda do hematócrito > 10% 
2. Aumento de uréia acima de 5mg/dL 
3. PO2 < 60mmHg 
4. Cálcio < 8mg/dL 
5. Déficit de base > 4mEq/L 
6. Sequestro de líquidos > 6L

Os critérios obtidos na admissão refletem a intensidade do processo inflamatório, e os critérios após 48 horas, denotam as repercussões sistêmicas da doença.

A mortalidade observada é de 10 a 15%, e não tem se alterado nos últimos 20 anos. Nos casos menos graves é abaixo de 5%, atingindo 20 a 25% nos casos mais graves.

Existem controvérsias em relação ao tratamento das PA, o repouso glandular, a reposição hidroeletrolítica e o controle da dor são de grande importância para o controle da inflamação do orgão e para diminuir as repercussões sistêmicas da doença, devendo se iniciar o mais precoce possível.

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